"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e
te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar
novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro
nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de
mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa
que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que
me queres assim porque assim que és..."
Caio F.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Um dia, todos os estilos
Os rótulos aparecem desde cedo. Fulaninha é assim, Beltrana é assado. Se uma usa decote é saidinha, se a outra está sempre de calça é comportada. As pessoas adoram batizar umas as outras sem o menor constrangimento. E isso muitas vezes isso atrapalha o nosso próprio estilo e jeito de vestir.
Se você adora vestidinho é romântica. Se gosta de jeans desfiado, tênis colorido e camiseta de caveira é descolada. Se curte calça, blazer e colar de pérolas é clássica. Quer saber? Acho uma besteira tentar criar definições. As pessoas vivem momentos, dias, situações. Às vezes você precisa estar mais arrumada, outras não. Às vezes você só quer o conforto de um chinelo, em outras quer estar nas alturas de um belo salto 15cm.
Uma mulher consegue ter todos os estilos em um só dia. Tem a roupa da ginástica, a de ir à padaria, a de levar o filho para a escola, a da reunião importante, a do almoço com as amigas, a do jantar de negócios, a da balada, a da viagem e por aí vai. E ela pode ser chique, casual, clássica, descolada, produzida, natural, comportada, liberada, tímida, ousada em 24 horas. Estranho? Não, é a mais pura realidade.
O que é, afinal, ter estilo? Para algumas pessoas, é estar na moda. Seguir tendências. Usar o que vemos nas vitrines, nas modelos, nas revistas. Para outras, estilo é o modo de falar, andar, se portar. Para mim, estilo é parecido com charme. Você pode estar deslumbrante, com um look perfeito e ainda assim não ter o menor estilo. O estilo é aquele brilho, aquela luz, aquela energia boa que as pessoas têm.
Muita gente fica superestilosa de jeans, blusa branca e rasteirinha. Esse mesmo look em uma pessoa mais “apagadinha” não fica tão bacana. Isso acontece porque vale aquela máxima a-beleza-vem-de-dentro. E ela vem mesmo. Contagia quem está na volta, faz você se sentir novo, outro. E isso nunca vai sair de moda.
***Texto escrito para a revista Colcci Mag, que você encontra em todas as lojas Colcci.
domingo, 28 de novembro de 2010
Desencontro. reencontro e encontro
Tenho me sentido um pouco só. Acho que deve acontecer com todo mundo. É que minha vida sempre foi muito dita, falada, eu contava as coisas, perguntava como proceder. Depois que saí de casa isso mudou um pouco. Eu sei que é um sinal de crescimento, maturidade ou seja lá o que for. Também sei que pra uns chega antes e pra outros depois e tudo bem, mas às vezes me sinto estranha com isso. Parece que sou eu, minhas músicas, meus livros e um edifício de 30 andares que tenho que subir sozinha, no escuro, sem elevador ou alguém pra segurar a minha mão.
Sempre achei importante a gente ter alguém pra segurar a nossa mão pra dizer que tá tudo bem, por mais que o mundo esteja um caos e tudo pareça confuso. Mas me pergunto até que ponto as coisas são suficientes, até que ponto as pessoas bastam, até que ponto sua mãe, pai, irmã, amigo, namorado, cachorro servem. É claro que eles servem, não me interprete mal. Mas até que ponto eles suprem as suas necessidades. Existem coisas que são só nossas, isso ninguém tira. Por isso muita gente faz terapia, toca violão, pinta, escreve, corre. A gente precisa de uma válvula de escape da gente mesmo e dos outros.
Estou sentindo que ultimamente minha vida é pra dentro, me descobrindo, tentando encontrar algumas peças perdidas. Tem uma diferença entre estar sozinha e se sentir sozinha. No momento, me sinto. Sei que é só eu pegar o telefone e ligar para alguém da minha família ou algum amigo que eles virão, mas a questão não é essa. Mesmo com alguém junto isso não passaria. Acredito que existem fases, ciclos, começos, recomeços. E acho que estou bem no meio de um deles.
MaríliaMedeiros.
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